~Artigo escrito por Vivir Viajando~
Contents
- 1 O Working Holiday Visa, um começo perfeito
- 2 Woofing, Workaway e outras plataformas
- 3 House Sitting, cuidar de animais em todo o mundo
- 4 Restauração
- 5 Guia turístico ou animador turístico
- 6 Viver a viajar e trabalhar à volta do mundo como instrutor de mergulho
- 7 Trabalhar num cruzeiro
- 8 Ser um nómada digital
- 9 Ganhar a vida com um blogue de viagens
- 10 O que posso fazer se quiser ser um Nómada Digital?
O Working Holiday Visa, um começo perfeito
Estávamos em 2010 e eu estava no meio do Laos, na minha primeira grande viagem. Tinha estado a poupar durante muito tempo para a realizar, mas as poupanças estavam a começar a diminuir e eu sabia que dentro de alguns meses teria de regressar a casa. E depois?
Nessa viagem, conheci outros viajantes de diferentes nacionalidades e muitos deles falaram-me de algo que, na altura, era novo para mim, o Working Holiday Visa. Disseram-me que se tratava de um visto com o qual se podia ficar em países como a Nova Zelândia, o Canadá ou a Austrália durante um ano e ganhar dinheiro enquanto se vivia a aventura. Essa informação ficou-me na cabeça. Nunca tinha pensado em viver a viajar ou trabalhar à volta do mundo, mas de repente encontrei uma forma de prolongar a viagem de sonho que estava a viver.
Foi 4 anos depois, em 2014, que finalmente consegui o meu Working Holiday Visa para a Nova Zelândia e em outubro desse mesmo ano comecei esta aventura que mudou o rumo da minha vida.
Por experiência própria, posso garantir que optar por um Working Holiday Visa é uma ótima opção para começar a dar forma a esta ideia de viver, viajar e trabalhar pelo mundo. No meu caso, limpei apartamentos, apanhei maçãs, embalei kiwis e fui lavador de pratos num hotel de luxo no sopé de Mordor.
Quanto é que se ganha? Bem, isso depende de ti. Eu fui com a intenção de viver a experiência e ganhar algum dinheiro e saí de lá com muitas aventuras atrás de mim e alguns milhares de dólares poupados (sinceramente não sei dizer quanto). Muitas pessoas utilizam este visto para viver durante um ano num país destes e depois gastam o dinheiro ganho numa longa viagem ao Sudeste Asiático ou à América do Sul, onde esses dólares podem durar muitos meses.
Conheci vários amigos, como o Saul ou o Alberto, por exemplo, que trabalharam MUITO, com horários muito duros, mas saíram do país com muito dinheiro.
Na Nova Zelândia, há todo o tipo de empregos no campo e também no setor do turismo, como acontece em países como a Austrália ou o Canadá. Por isso, se estás à procura de uma forma de começar a trabalhar pelo mundo e a viver na estrada, este é o meu caso real: o Working Holiday Visa é uma ótima forma de dar o primeiro passo.
Woofing, Workaway e outras plataformas
Outra opção para começar no mundo das viagens remuneradas é inscreveres-te em sites como o Woofing ou o Workaway. Esta proposta geralmente não inclui benefícios financeiros, mas é uma ótima maneira de poupar dinheiro e prolongar a tua vida de viajante.
Estes sites tendem a ligar viajantes como tu a pessoas que precisam de ajuda de alguma forma. Já utilizei ambos, uma vez cada.
Em 2011, estive a fazer Woofing numa aldeia remota da Tailândia de que já nem me lembro o nome. Em troca de alojamento e alimentação, trabalhei 4 horas por dia a construir casas de adobe. Durante o tempo que lá estive, portanto, para além de viver uma experiência diferente que nunca teria tido de outra forma, não gastei um único cêntimo e isso permitiu-me prolongar a minha viagem. É importante informares-te bem antes de aceitar uma proposta deste género, porque muitas delas exigem normalmente um grande esforço físico e podem não ser o que procuras.
Em relação ao Workaway, trabalhei num hostel na Nova Zelândia. Neste caso, foi-me dado alojamento gratuito em troca de menos de 2 horas de limpeza do quarto de manhã, na “malcheirosa” cidade de Rotorua. Graças a isso, pude dedicar parte do meu dia a começar a escrever para outras pessoas e a gerar o meu primeiro rendimento como Nómada Digital (mais sobre isso adiante).
Como podes ver, viver enquanto viajas pode ser qualquer coisa, desde gerar rendimentos pelo caminho até prolongar uma viagem com base em colaborações como estas. Neste sentido, o próximo ponto, House Sitting, também pode interessar-te.
House Sitting, cuidar de animais em todo o mundo
Na mesma linha do ponto anterior, de não gerar dinheiro mas poupar para poder prolongar a viagem, uma proposta muito interessante é o House Sitting. Através de plataformas como a Trusted Housesitters, viajantes como tu podem entrar em contacto com pessoas que precisam de alguém para cuidar dos seus animais de estimação enquanto estão fora.
Para além de passar uns dias sem gastar em alojamento, é uma forma única de conhecer uma cidade como um local. No meu caso, já tomei conta de um cão enorme em Miami, num bairro cinematográfico, de uma matilha de 5 cães numa vivenda em Bali, de 2 gatos em Amesterdão, de 2 gatos em Kuala Lumpur, de um lindo shiba inu no centro de Tóquio, de um cão de praia em Tarragona, de 2 gatos em Cómpeta… e de 1 gato + 1 cão + 100 ovelhas + 2 touros + muitas galinhas na Nova Zelândia. Nas casas de Miami, Tóquio ou Nova Zelândia, passei mais de um mês em cada casa, imagina quanto poupei!
Inscreveres-te nestes sites implica, evidentemente, o pagamento de uma taxa anual. Mas com apenas um animal de estimação de que vais tomar conta, já ficas com isso pago. O meu conselho é que tenhas muito cuidado ao criar o teu perfil, é melhor ter demasiada informação do que pouca. Quando estiveres a cuidar de animais de estimação, receberás comentários dos seus donos que ajudarão os outros a confiar em ti, mas não ter referências no início pode custar um pouco mais.
Restauração
Os bares e restaurantes podem ser encontrados em quase todos os cantos do mundo e são também uma ótima opção para ganhar dinheiro e trabalhar enquanto se viaja pelo mundo. Não é necessário ir a um bar perdido na selva da Malásia, como fez o meu amigo Pablo do Chile, há opções muito mais próximas.
Eu, por exemplo, em 2007, fiz a minha mochila e fui viver para Amesterdão. Durante esses meses, trabalhei num restaurante peruano e num restaurante japonês (comida grátis!) e vi que é muito fácil encontrar trabalho no setor da hotelaria e restauração e que, se nos esforçarmos um pouco, podemos até ser promovidos.
Se a ideia de tentar trabalhar à volta do mundo e viver em viagem te agrada, talvez te interesse saber que acima do Círculo Polar Ártico, em países como a Noruega, a Finlândia ou a Suíça, o salário mínimo é muito elevado. Fazer uma estadia sazonal num hotel/restaurante que ofereça alojamento pode ser uma excelente fonte de rendimento.
Para além dos bares e restaurantes, os hotéis e os hosteis abrem um enorme leque de possibilidades para viajar pelo mundo e ganhar dinheiro.
Guia turístico ou animador turístico
Viver a viajar e trabalhar à volta do mundo como instrutor de mergulho
Tenho vários amigos que fazem isto e acho que é um mundo fantástico. Se já mergulhaste e gostas de mergulhar, talvez possas pensar em trabalhar em todo o mundo como instrutor de mergulho. Em muitas partes do mundo, procuram-se instrutores de mergulho e, se o mundo subaquático te atrai, esta pode ser uma boa forma de gerar rendimentos.
O normal é mergulhares algumas vezes antes e ver se é algo em que te vês a trabalhar, mas algumas pessoas corajosas fazem o que é conhecido como “Do zero ao herói” e passam de nunca terem mergulhado antes a fazer o Open Water (curso básico), o Advanced e o Instructor Course, um após o outro, num período muito curto de tempo.
Pensa nisso, talvez daqui a alguns meses possas estar a viver numa bela ilha das Filipinas e a trabalhar nesta área…
Trabalhar num cruzeiro
Talvez o mar seja a tua praia, não debaixo dele mas sim acima dele. Esta é uma das poucas coisas de que falo neste artigo sem a ter experimentado, mas a minha amiga Bárbara experimentou-a pela primeira vez em 2015 e tem navegado pelos mares desde então e está muito feliz por ter tomado essa decisão.
Num navio de cruzeiro podes trabalhar em muitas coisas. Desde nadador-salvador na piscina, limpeza de quartos, animador, catering… e o melhor de tudo é que, enquanto estiveres num cruzeiro, tens alojamento, cozinha e zero despesas enquanto estiveres a parar em diferentes portos e novos destinos.
Para mim, estar em alto mar durante tanto tempo não me convém, mas talvez para ti possa ser uma forma de começar.
Ser um nómada digital
Deixei para o fim a questão de seres um Nómada Digital porque suponho que muitos de vocês chegarão aqui à procura precisamente disto.
Descobri que era um Nómada Digital algum tempo depois de ter começado a sê-lo. Há uns anos, este conceito não estava na moda e até vários “gurus” começarem a vender cursos para dizer como o fazer, éramos apenas pessoas que trabalhavam online… o que, por outras palavras, vende menos.
Sou um Nómada Digital há 8 anos e nunca fiz um único curso de “Como ser um Nómada Digital”, zero. Por várias razões…
- 100% do conteúdo que se pode encontrar nestes cursos, que valem milhares de euros, está disponível gratuitamente no Google se pesquisares um pouco.
- São normalmente cursos completamente vazios que poderiam ter sido desenhados por Pablo Coelho com frases como “Segue os teus sonhos”, “Encontra o teu talento e partilha-o com o mundo”, “Sê o nómada que queres ser”. Frases aos 0’60.
- Os únicos que beneficiam destes cursos são aqueles que os dão. E, como digo, a grande maioria não é nómada nem digital. Pode parecer egoísta mas, se tivesses a chave do sucesso para ganhar milhões de euros a viajar, fá-lo-ias ou contarias o teu grande segredo por quatro libras a desconhecidos? Já falei muitas vezes com um desses falsos gurus e ele ri-se quando lhe digo que, por causa dele, existe agora um enorme cemitério digital de blogues de viagens que nunca passaram do primeiro ano e deixaram as suas poupanças na tentativa.
- A história acaba normalmente numa espécie de ciclo em pirâmide. Faz-se um curso muito caro, que pouco valor traz, e percebe-se que a única forma de ganhar dinheiro com tudo isto é tentar vender esse mesmo curso a outra pessoa que tenha as mesmas ilusões que se tinha no início… para receber uma comissão de venda. Na maioria dos casos, isto é o máximo que um nómada digital pode conseguir. Então, como é que podes ser um Nómada Digital sem cair neste beco sem saída?
Spoiler: aqui vem um banho de realidade de que provavelmente não vais gostar.
- Ter algum tipo de habilidade anterior para usares.
- Trabalhar muito, muito, muito duro sem pensar que, em breve, estaremos a nadar em piscinas de notas.
O que é que eu quero dizer com algum tipo de habilidade? Bem, se fores, por exemplo, um programador, ou se fores bom em coisas como escrever, tirar fotografias, editar vídeos, fazer páginas web… etc, tens uma possível porta aberta para entrar neste caminho de viver a viajar como um Nómada Digital e ganhar dinheiro à volta do mundo. Se não, pode ser mais difícil ou impossível e NADA ACONTECE. Não é tão fabuloso como o vendem (isso dá para outro artigo) e não é a tua única opção. Tal como vos contei o meu caso com o Working Holiday Visa, vou contar-vos como me tornei um Nómada Digital sem sequer me aperceber. No meu caso, foi através de um blogue de viagens.
Ganhar a vida com um blogue de viagens
O que posso fazer se quiser ser um Nómada Digital?
Como já referi, Nómada Digital é apenas um termo fixe utilizado hoje em dia para aqueles de nós que trabalham online. Há uma série de competências compatíveis com ele:
- Copywriter
- Community Manager
- Tradutor
- Fotógrafo
- Videógrafo
- Designer
- Web designer
- SEO
- Criador de conteúdos
Podia falar durante horas sobre mais formas de viver a viajar, trabalhar pelo mundo e as duas faces de ser um nómada digital. Mas acho que com esta primeira dose acho que já tens um bom ponto de partida. Se tiveres dúvidas ou perguntas, terei todo o gosto em lê-las nos comentários.