Na IATI somos aventureiros por natureza… Por vezes, após comprarmos um bilhete de avião com destino incerto a mais de 1000 km de casa ou decidirmos que vamos pegar no carro e partir em uma aventura ao volante, as primeiras preocupações não são iguais em cada um de nós e os mais apaixonados por fotografia, antes de pensar que roupa levar; saúde e vacinas ou segurança local apenas pensam: quais as máquinas a levar, quais as lentes que têm obrigatoriamente que ir…analógico ou digital…MAS a logística tem de incluir segurança, e ainda para mais viajando com equipamento de fotografia, há que ter cuidado com a bagagem e nada como um seguro de viagem que também a inclua.
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O que levar na mochila?
Rapidamente transformamos a mesa da sala numa alegre banca de feira e constatamos que não vamos ter espaço para tudo…mesmo que abdiquemos de alguma roupa, porque queremos mesmo é mesmo fotografar, estamos claramente a levar demasiadas coisas… Depois de roer todas as unhas possíveis, começamos sim a fazer uma seleção real do que temos mesmo que levar! Uma vez que digital uso sistema Fujifilm, levamos sempre obrigatoriamente:
- Máquina Fuji XT-2;
- Lentes 23mm f1.4 ; 56mm f1.2 e 50-140mm f2.8 e, no mínimo,
- 6 baterias extra + carregador.
O problema começa na escolha do equipamento analógico, mas geralmente optamos por levar uma point&shoot bem simples ou caso ainda tenha espaço, um corpo analógico SLR Auto Focus. Apesar de fotografar no meu dia-a-dia apenas analógico, quando estou de viagem o analógico assume, infelizmente, um segundo plano uma vez que quero garantir que tenho mesmo a foto que pretendo. O Analógico de viagem é a surpresa bónus que chega às nossas mãos 7 dias após o regresso a casa, aquele presente que desembrulhamos e que automaticamente regressamos ao outro canto do mundo a recordar o momento em que tirámos aquela fotografia.
Para além disto é essencial levar um pequeno tripé e vai sempre, sempre ser muito útil, vários cartões SD e um pequeno kit de limpeza.
Querendo levar muitas coisas, logicamente uma boa mochila é essencial. A mochila deverá ser da melhor qualidade possível e própria para equipamento fotográfico, tendo em atenção o acondicionamento do equipamento. Esta é a mochila com que ando muito tempo às costas e para além de ter que ser confortável corro sempre o risco de poder bater em qualquer lado, levar um encontrão, etc e danificar o material. Portanto, nada de improvisar mochilas do dia a dia para este fim.
Como fotografar desconhecidos?
Mochila nas costas e bilhete na mão é o momento de começar a magia, de viver a viagem também através da lente. Gostamos de fotografar rua, sentir as pessoas dentro da camera, captar o momento em que um cigarro é acesso, o peixe a ser amanhado e, acima de tudo, olhar para uma foto do mercado e automaticamente sentir um turbilhão de cheiros e sons.
A nossa postura conta e muito, estamos muita vez em contacto com uma cultura diferente da nossa, há que respeitar! Optamos sempre por uma postura simpática e descontraída quando estamos na rua, as pessoas geralmente reagem bem a uma máquina especialmente se quem as tiver a fotografar estiver tranquilo, brincalhão, respeitador. Sorrimos, falamos com as pessoas, pedimos para fotografar ou fazemos intenção que nos vejam. Caso assumíssemos uma postura de estar escondidos, fotografar e desaparecer, as pessoas veriam isso com estranheza e ficaram certamente desconfiadas, o que nos traria problemas.
Já visitámos culturas bem distintas, onde a relação das pessoas com a máquina difere de um país para outro – A título de exemplo: no Vietname as pessoas entram pela máquina adentro, não têm qualquer problema a ser fotografados; por outro lado em Marrocos sentimos que as pessoas são menos recetivas à fotografia. Aí entra a simpatia e acima de tudo o respeito.
Cuidados a ter quando fotografamos em viagem
Os principais cuidados a ter são bem simples: nunca perder a máquina e mochila de vista. Logicamente que ao andar na rua com uma máquina ao pescoço pode sempre chamar olhares indesejados. Temos uma mochila Lowepro, que não tem fechos na parte de fora, apenas nas costas. Cada vez queremos retirar algum artigo, temos de parar e retirar a mochila. É um processo mais demorado, mas assim temos a segurança que não perdemos uma lente num transporte publico ou em outro local. Para além disso, retirámos as etiquetas com as marcas, para não ser facilmente identificável por alguém que saiba o que anda à procura nos turistas…
Quando fotografamos na rua, a máquina aparece no momento da fotografia e rapidamente desaparece debaixo um casaco ou corta-vento, assim também passamos mais despercebidos.
Estas pequenas medidas, são os cuidados básicos que adoptamos para ter uma viagem tranquila. Como já dissemos, estamos sempre tranquilos, simpáticos e responsivos e isso faz com que as pessoas também sintam bem e te ajudem ou aconselhem. Um exemplo crasso do que digo passou-se recentemente em Bogotá: estava a fotografar uma rua calmamente e uma senhora aborda-me muito simpática a dizer para não fotografar, pensei que ela não queria que a fotografasse, mas na realidade a senhora estava a querer avisar-me que àquela hora e naquela rua provavelmente não seria seguro fotografar. Agradeci-lhe imenso, trocamos um sorriso e rapidamente guardei a máquina. A Colômbia, que muita gente considera um perigo, está repleta de pessoas extremamente simpáticas e de coração cheio que se preocupam não apenas com o seu próprio umbigo.
Até ao dia de hoje, felizmente não tivemos problemas, para alem de puras aselhices e distrações de raspões e batitas aqui e ali… Em todos os locais que visitámos, fotografamos, fotografamos… até que nos venham buscar por uma orelha. Acabamos sempre por enviar inúmeras fotos a pessoas que nos dão os seus contatos…em suma, fizemos imensos amigos em troca de um sorriso e de uns megapixels.
Não há fotos certas ou erradas
Mas lembrem-se: não há o melhor equipamento X ou Y; não há a melhor fotografia. O melhor ângulo está na vossa cabeça, é essa a magia de fotografar…todos nós temos a capacidade única de ver um mesmo objeto e percebê-lo/fotografa-lo de maneira distinta.
Eu não viajo sozinho, mas tenho a plena consciência que muitas vezes me perco totalmente quando estou a fotografar, há que deixar a máquina repousar um pouco…estou a trabalhar neste ponto…! Tem de haver um equilíbrio entre viver a viagem através da lente e fora dela… Mais importante que escolher a máquina A ou B é escolher quem está ao nosso lado, no avião, no metro e até mesmo num táxi em contra-mão em Casablanca…!
Não há cartão SD que grave ou lente que capte linguagem gestual Luso-Vietnamita com os locais no Vietname; as peripécias nos estacionamentos Marroquinos ou os passeios pelos bairros Colombianos… As melhores fotos que tirei foram de mãos dadas com a minha “assistente de fotografia/agente de viagens”.
Autor: João Oliveira – Anda Comigo